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As Sete Maravilhas Antigas

ESTÁTUA DE ZEUS

 

 

"Em sua mão direita uma figura de Vitória feita de marfim e ouro. Em sua mão esquerda, seu cetro embutido com todos os metais, e uma águia empoleirada no cetro. As sandálias do deus são feitas de ouro, como o seu manto."

(Pausanias, o Grego em 2 d.C .)


 

 

Breve Histórico

 

                                   A Civilização Grega,  na  Antiguidade , teve extraordinário desenvolvimento econômico, social e tecnológico.Sendo assim,  não poderia  deixar  de haver algumas de  suas obras entre  a Sete Maravilhas  do Mundo Antigo . E ,  na  realidade,  são  3 : o Colosso de Rhodes, na ilha  do mesmo nome,  o Templo de Ártemis,  no Éfeso  , e  a  Estátua de Zeus, na  cidade  de Olímpia.
 
                                   Em aproximadamente  2000 a. C.  os gregos  se constituíam em  pastores  e agricultores na  região  chamada  Peloponeso, uma península extensa e montanhosa ligada ao sudeste da Grécia Central por uma estreita faixa de terra, o Istmo de Corinto, que se limita ao norte com o Golfo de Corinto, a oeste com o Mar Jônio, a leste com o Golfo Sarônico e o Mar Egeu e, ao sul, com o Golfo da Messênia, o Golfo da Lacônia e a ilha de Cimas.
 
                                   Aos poucos foram desenvolvendo uma extraordinária  civilização,  devido ao contato  com  outras  civilizações, por meio  de  invasões sofridas  e outras tantas  que levaram a efeito  contra  outros povos mais desenvolvidos, tendo tido a inteligência  de absorver  de  todas  essas civilizações  o que  de  melhor  tinham a oferecer, melhorando esses conhecimentos e acrescentando  novas descobertas, chegando a  se  tornarem  hegemônicos  em todo o Mediterrâneo,  com a cultura  chamada de “Helênica” , a partir  do século IX a. C..

 

A propósito, transcrevemos pequeno resumo sobre as origens gregas, por Carl B. Boyer :

“A atividade intelectual das civilizações potâmicas no Egito e Mesopotâmia tinha perdido sua verve bem antes da era cristã; mas quando a cultura nos vales dos rios estava declinando, e o bronze cedendo lugar ao ferro na fabricação de armas, vigorosas culturas novas estavam surgindo ao longo de todo o litoral do Mediterrâneo. Para indicar essa mudança nos centros de civilização, o intervalo entre aproximadamente 800 a.C. e 800 d.C. é às vezes chamado Idade Talássica (isto é, a “idade do mar”). Não houve, é claro, uma quebra brusca marcando a transição da liderança intelectual dos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates para a beira do Mediterrâneo, pois o tempo e a história fluem continuamente, e as condições em variação são associadas a causas antecedentes. Os estudiosos egípcios e babilônicos continuaram a produzir textos em papiro e escrita

cuneiforme durante muitos séculos após 800 a.C; mas , enquanto isso , uma nova civilização se preparava rapidamente para assumir a hegemonia cultural, não só na região mediterrânea mas, finalmente, também nos principais vales fluviais. Para indicar a fonte da nova inspiração, a primeira parte da Idade Talássica é chamada Era Helênica e conseqüentemente as culturas mais antigas são ditas pré-helênicas.

 

                                   Os gregos de hoje ainda  se chamam helenos, o nome usado por seus antigos antepassados,  que  se estabeleceram ao longo das costas  do Mediterrâneo. A história grega  pode ser recuada até o segundo milênio a.C. quando, como invasores  iletrados vindos do norte, abriram caminho até o mar. Não trouxeram tradição matemática ou literária consigo; no entanto, tiveram desejo ansioso de aprender  , e não  demoraram a  melhorar o que  lhes ensinaram. Por exemplo, tomaram talvez dos  fenícios, um alfabeto existente, consistindo só de consoantes, e lhe acrescentaram vogais. O alfabeto parece ter-se originado entre os  mundos babilônio e egípcio, talvez  na região da Península  do Sinai, por  um processo de redução drástica do  número de símbolos cuneiformes  ou hieráticos. Esse alfabeto chegou às colônias – gregas, romanas e cartaginesas  - graças à atividade dos mercadores. Supõe-se que alguns rudimentos de cálculo viajaram pelas  mesmas rotas, mas as partes mais exóticas  da matemática  sacerdotal podem ter  permanecido restritas a seus domínios de origem. Logo porém,mercadores,  negociantes e estudiosos gregos se dirigiram aos centros  de cultura  do Egito e Babilônia. Ali entraram em contato com a matemática  pré-helênica; mas  não estavam dispostos a apenas receber antigas tradições, e se  apropriaram tão completamente do assunto que  logo ele tomou forma drasticamente diferente.
                                  
                                   Os primeiros Jogos Olímpicos se realizaram em 776 a.C., e  por esse tempo uma maravilhosa literatura grega já tinha  se desenvolvido, evidenciada  pelas obras de Homero e Hesíodo. Da  matemática grega da  época nada  sabemos. ...  Então durante  o sexto século  a.C., apareceram dois  homens, Tales e Pitágoras, que  tiveram na  matemática o papel de Homero e Hesíodo na literatura.” (In  História da Matemática, trad. de Elza F. Gomide, Ed. Edgard Blücher Ltda., 2ª. ed., pp.30-31).
 
                                   Com  o desenvolvimento da  matemática  e das artes  plásticas, floresceu a arquitetura. E muitos  monumentos foram erguidos em  louvor  aos  deuses helênicos – naquela região do Peloponeso,  onde surgiram  cidades separadas  por  montanhas  e  pelo mar, com governos independentes,  um traço cultural  que  os  unia era  a religião politeísta centrada  nos  mesmos  deuses, sendo  Zeus  o Senhor dos Céus  e  o Deus Supremo da   Mitologia Grega. E a ele foram erguidos  muitos  templos,  monumentos e estátuas,  sendo a mais  importante  a erguida  no interior  do seu templo na Ilha de Olímpia , considerada  uma das  Sete  Maravilhas da Antiguidade.

Sobre a Estátua de Zeus

 

                                   Na cidade de Olímpia, na costa Oeste da moderna Grécia, a 150 km de Atenas, situava-se o magnífico Templo de Zeus , em cujo interior ficava a sua maravilhosa estátua.


                                   O antigo calendário grego começa em 776 a. C., quando parece ter havido as primeiras Olimpíadas de que se tem notícia , naquela cidade. Sempre que eram celebrados os jogos olímpicos todas as guerras eram suspensas e vinham atletas de todas as partes do mundo então conhecido.

 

                                   Mas foi somente no ano aproximado de 450 a.C. que o arquiteto Libon construiu o magnífico templo ao deus Zeus, naquela cidade. Mas os gregos o acharam muito simples para aquele que era o maior de todos e, por isso, imaginaram orná-lo internamente com alguma coisa espetacular. E chamaram o arquiteto ateniense Fídias, o mais famoso da época, especializado em arte sacra - pode-se compará-lo , para a sua época, ao que foi Miguelangelo para a arte sacra cristã, tal era a sua genialidade. Depois de pronta a obra, muitas cópias foram feitas, até mesmo em outros países da Antiguidade , de boa qualidade, como se tem notícias por relatos daquela época.


Réplica da Estátua de Zeus
In : http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1tua_de_Zeus

                                   Fídias iniciou  a construção da  estátua de Zeus, que  foi  sua  obra-prima, a  440 a. C.. Anos antes  havia  criado  e desenvolvido  uma técnica  de   esculpir estátuas  em  ouro e marfim, que consistia  em   colocar  lâminas  de metal e marfim  para cobrir   um arcabouço de  madeira  vinda diretamente  das matas.  Em  Olímpia ainda hoje existem  ruínas do Templo . 
 
                                   Medidas :  o  historiador Strabo, que esteve  no Templo de Zeus  e viu a magnífica estátua, assim escreveu :
 
                                  “ ... embora o templo  por si mesmo seja  muito grande, o escultor é criticado por não ter atendido corretamente às proporções. Ele  mostra Zeus sentado, mas com a cabeça quase tocando o teto, de maneira que se tem a impressão de que, se Zeus se movesse para  levantar-se, ele poderia destelhar  o templo.”
 
                                   A descrição de Strabo traduz  a sensação que  o visitante  sentia ,  mas  , ao que  parece,  dos  inúmeros testemunhos  históricos,  longe  de criticar  o trabalho de Fídias , eles apenas   comentavam  essa  sensação  de  uma maneira   positiva :  é que  o escultor  fez   o  seu trabalho  dessa  maneira  para  dar  mesmo essa  impressão,  entendendo, assim,  passar  às pessoas a  grandeza  de  Zeus : provocar  essa impressão tinha  justamente a finalidade de    demonstrar que o deus    ultrapassava os   limites  físicos. E, de acordo com descrição de visitantes,  a estátua  convidava à  oração   e à  comunhão  com o mundo  religioso.
                                  
                                   Poetas e escritores ficaram fascinados com a idéia de que  o deus poderia se  levantar e furar a cobertura do templo - sobre  isso  teceram várias narrativas e  poesias.  A  base da estátua  tinha 6,5 m (20 pés) de  largura por  1 m (3 pés) de altura.Seu  corpo, na posição sentada,   tinha a altura de 13 m (40 pés), equivalente a  um moderno prédio de  4 andares.
 
                                   Descrição :  o  conjunto era tão alto que  os  visitantes   descreviam mais o trono do que  propriamente  o corpo da escultura  :  as pernas do trono, que era de cedro,  eram decoradas com  figuras da Fênix   e  representações  aladas da  deusa Vitória; deuses  gregos também adornavam a cena - Apolo, Ártemis e  os filhos de Níobe .
 
                                   O grego Pausanias escreveu sobre  a  estátua :
 
                             “ Na sua cabeça está esculpida  uma coroa de ramos de  oliveira. Na sua mão direita,  uma figura de Vitória, feita de ouro e marfim... Na sua mão esquerda, ele segura  um cetro enlaçado com toda espécie de metal, com uma águia pousada sobre ele. Suas sandálias  são feitas de  ouro, e  também o seu manto. Suas vestes estão   incrustadas  com esculturas de animais e  lírios. O trono é decorado com ouro, pedras preciosas, ébano e marfim.”
 
                                   Também reis e legisladores  do mundo inteiro enviavam  ocasionalmente presentes  que  passavam a ornar  a estátua e  o mais   conhecido   desses presentes foi o enviado pelo rei sírio Antiochus IV  -  uma grandiosa cortina de  lã adornada de tranças e  pinturas fenícias.
 
                                   Foram  feitas  muitas cópias  da Estátua de Zeus, inclusive  na Líbia,  em Cirene, as quais também não resistiram ao tempo e a acidentes.

 

 

                               Destino : :  A  construção da estátua levou aproximadamente de  oito a 12 anos   e  nesse período  muitas guerras estavam sendo  feitas entre a Grécia e Esparta, pela hegemonia  no Peloponeso. Quando foi  inaugurada  , a cidade de Olímpia  já estava sob o domínio espartano,  mas  essas questões  de guerra  não  prejudicaram em  nada  a sua  realização  e  a cultura helênica  foi respeitada,  tendo  sido  nesse mesmo século V a.C.,  época da  edificação do templo de Zeus,  considerado o seu ponto áureo.
 
                                   Olímpia foi objeto de  muitos  terremotos , desabamentos e enchentes, a partir   do século V a.C., que  danificaram   o Templo de Zeus.
                                   O Imperador Calígula   decidiu  transportar  a  belíssima estátua  para Roma,   porque   Zeus também  era  reverenciado  em Roma  como  o  deus supremo do Olimpo,  com o  nome de Júpiter,  mas  antes  de conseguir  o seu intento  seu  governo caiu.
 
                                   Mais tarde,  no século I a.C., temerosos  da destruição da  Estátua,   gregos  abastados se reuniram  e  fizeram o transporte da mesma para um palácio na  cidade de Constantinopla , atual Istambul, na Turquia – assim    ela  não  foi afetada  pelo  incêndio do Templo em 5 a.C., que o destruiu  completamente.
 
                                   No ano 462 de  nossa era  , durante  o incêndio de Constantinopla, a estátua foi destruída completamente. A única idéia que se tem da Estátua de Zeus vem das moedas da cidade de   Élis, situada  a noroeste do  então Peloponeso, a 35  milhas  de Olímpia (que administrava  regras  da  Olimpíada, apontando aqueles que seriam juízes e moderadores dos jogos),  e que se supõe carregar a figura original da Estátua.

 


Ruínas do Templo de Zeus, em Olímpia
 
 
Fontes :
http://www.avanielmarinho.com.br/maravilhas4.htm
http://ce.eng.usf.edu/pharos/wonders/zeus.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1tua_de_Zeus
 
Referências :  The Seven Wonders of the Ancient World (1988) edited by Peter A. Clayton and Martin J. Price; The Seven Wonders of the World (1995) by John and Elizabeth Romer; Hellenic Age (1986) by J. J. Pollitt; Greek Sculpture: The Classical Period (1985) by John Boardman.Plinius: Natural History (1938-) translated by H. Rackham et al. (Loeb Classical Library); Vitruvius: The Ten Books on Architecture (1960) translated by Morris Morgan (Dover Books); Greek Anthology (IX: The Declamatory Epigrams) (1917) translated by W. R. Paton (Loeb Classical Library)




 

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